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SteamPunk | Tor.com ~ Entrevista sobre o Conselho SteamPunk
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out 05 2011

Tor.com ~ Entrevista sobre o Conselho SteamPunk

O original em inglês pode ser encontrado em: http://www.tor.com/blogs/2011/10/bruno-aciolly-creator-of-the-brazilian-conselho-steampunk

É um fato inegável no fandom brasileiro: jamais houve força tão poderosa e extensiva como o SteamPunk naquelas paragens. O estravagante exército de corsets-e-goggles com sua inebriante variedade de geringonças à vapor definitivamente conquistou os corações e mentes de fãs e escritores.

Depois de quase quatro anos de atividade o SteamPunk Brasileiro não pode ser considerado mais uma moda passageira. Não estamos mais no Kansas, Dorothy: estamos no Rio de Janeiro, São Paulo e em outras grandes cidades tropicais das quais você jamais ouviu falar – mas você vai ouvir em breve!

Na entrevista abaixo, Bruno Accioly, uma das mentes por detrás do movimento SteamPunk brasileiro e um de seus Fundadores [junto com Raul Cândido Ruiz], entrega o jogo (ou deveríamos dizer as engrenagens) no que tange as Lojas do Conselho SteamPunk (termo que atraiu a atenção de um grande nome do gênero, o ex-cyberpunk Bruce Sterling, que escreveu a respeito na Wired Magazine) e aos interessantes planos para o futuro próximo. Há grandes planos por raiar no horizonte SteamPunk do Brasil – e do Mundo.

Tor.com: Quando Bruce Sterling mencionou pela primeira vez o Conselho SteamPunk no blog da revista Wired em 2009, tratava-se de uma ambiciosa rede de comunidades que se alastrava por todo o território Brasileiro. Na época eram apenas quatro Lojas: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Como a comunidade mudou desde então?

O Conselho SteamPunk foi fundado a 21 de Junho de 2008 com apenas duas Lojas – Rio de Janeiro e São Paulopor mim e por Raul Cândido Ruiz. Cada Loja representa uma unidade federativa brasileira. Desde sua fundação o Conselho SteamPunk alcançou 10 outros Estados: Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Paraíba, Pernambuco, Pará, Goiás, Alagoas e Ceará, e mais de 100 membros do Conselho, além de mais de 600 entusiastas registrados no Brasil.

Acreditamos que o motivo deste crescimento tenha a ver com a filosofia do modelo que adotamos para crescimento, onde fornecemos infra-estrutura – sites, emails @steampunk e messenger – para quem quer que deseje fundar uma Loja em seu estado ou para quem desejar ingressar em uma Loja como colaborador.

Adicionalmente mantemos uma rede social SteamPunk – www.steambook.com.br – onde os entusiastas podem criar seu próprio website sobre o tema, seja ele ou não um membro efetivo do Conselho SteamPunk.

Tor.com: Desde a fundação do Conselho SteamPunk você considera que o SteamPunk se tornou mais “mainstream” no Brasil?

Eu não diria “mainstream”, mas creio que o termo é mais popular agora do que já foi quando começamos. A comunidade nerd já é sensível a Cultura SteamPunk, mas há ainda um contingente grande de pessoas a serem tocadas pelo conceito, o que é ótimo a nosso ver, pois assim há muito para onde crescer.

Tor.com: Algumas antologias SteamPunk brasileiras foram lançadas, incluindo a Vaporpunk, em 2010. É fato que grupos de escritores brasileiros e de língua portuguesa vêm se movimentando no sentido de escrever mais estórias dentro do gênero SteamPunk?

Na literatura temos hoje quatro antologias SteamPunk publicadas no Brasil, algumas já reconhecidas fora do Brasil: “SteamPunk ~ Histórias de um Passado Extraordinário”, “Vapor Punk”, “Deus Ex Machina – Anjos e Demônios na Era do Vapor” e “SteamPink”.

Sem dúvida há um movimento de produção literária, o que reflete a popularização do gênero no Brasil. Tanto escritores aspirantes quanto renomados começam a demonstrar interesse pelo SteamPunk e, cada vez mais, encontramos material literário em português na internet.

O Conselho SteamPunk tenta incentivar o desenvolvimento deste interesse através do aoLimiar, uma rede social de editoras, escritores e leitores de Literatura Fantástica, que dá espaço para autores aspirantes publicarem suas obras; para autores renomados publicarem degustação literária, teasers e trailers de livros; e editoras usarem o ambiente para encontrar novos talentos.

Tor.com: Você está também bastante envolvido em diferentes tipos de convenções, tanto no “mundo real” quanto virtuais. O número de convenções ou eventos SteamPunk cresceu no Brasil? Em outras partes do mundo museus e sociedades históricas abraçaram o SteamPunk como um meio de alcançar a população; É visível a mesma tendência em seus país?

Corrigindo, eu tenho a reputação de ser um “holograma” e, por isso, muito raramente faço aparições em público.

Definitivamente há um aumento da quantidade de eventos. A cada Loja que é inaugurada em um estado brasileiro maior a probabilidade de, naquele estado, passar a haver uma agenda de eventos, independente do porte destes eventos.

A imprensa ainda se fixa na questão da moda e do estilo SteamPunk mas, paulatinamente, percebemos o interesse da mídia pela literatura, ilustração, escultura e outras formas de expressão do gênero.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido até haver reconhecimento acadêmico acerca do potencial do SteamPunk como força motriz de Produção Cultural, popularização da História e do interesse pela Ciência.

Tor.com: Há cerca de um ano foi lançado o SteamCast, um vidcast bilingue que dá destaque a convidados internacionais para falar acerca de SteamPunk. Como a comunidade respondeu a esta iniciativa?

Houve certa repercussão e grande parte dos acessos se origina fora do país. O SteamCast é um projeto ambicioso e que precisa consistentemente atingir os interesses de toda a comunidade SteamPunk, o que acabou fazendo com que tivéssemos de repensar um pouco o formato para tentar atender ao público internacional ao mesmo tempo que ao público brasileiro.

Estamos coordenando algumas atividades em paralelo que talvez popularizem mais esta iniciativa em particular e nos coloque em contato de forma mais fácil com entusiastas e organizações internacionais.

Tor.com: Há pessoas produzindo artefatos SteamPunk no Brasil? Artistas, profissionais de moda ou qualquer outra forma de expressão que acredita merecerem maior atenção internacional?

Fundamos aqui um grupo denominado Liga de Artífices SteamPunk, no qual os envolvidos na produção de cultura SteamPunk – independente da forma de expressão – podem se cadastrar.

Me parece que a produção literária SteamPunk nacional esteja em franca ascensão e que outras formas de expressão vêm amadurecendo bastante.

Há promissores talentos locais como os cosmakers Ann Rose e Diego Leite e fashionistas como Lili Angelika. Particularmente me parece que os escultores Braga Tepi e Jorge Pedro Barbosa Lemes produzem obras de valor artístico impressionante e merecem atenção internacional.

Tor.com: Para onde acredita que está indo o SteamPunk no Brasil? E para onde gostaria que ele fosse?

O Conselho SteamPunk se ligou a Sociedade Retrofuturista, que vai usar do mesmo modelo adotado por nós para promover outros gêneros como DieselPunk e CyberPunk. Acreditamos que este processo é importante para que haja intercâmbio entre os gêneros e para que todos possam usufruir do formato bem sucedido que tivemos a sorte implantar.

Em termos de SteamPunk as notícias são promissoras e nossa visão de futuro é bastante ambiciosa.

Obviamente esperamos que haja uma Loja em cada estado do território nacional, mas houve comentários de colegas americanos e europeus acerca de exportar o Conselho SteamPunk de alguma forma.

Recentemente houve interesse estrangeiro em, de algum modo, importar o nosso modelo de expansão, o que acabou ajudando-nos a criar um conceito interessante e que, creio, pode beneficiar muito o SteamPunk no Brasil e talvez no mundo.

Em nossa visão, forçar a entrada de uma organização essencialmente Brasileira em outro país é intrusivo e não beneficia verdadeiramente o movimento SteamPunk e, por isso, depois de algumas discussões, chegamos em uma enriquecedora solução para expandir nossa influência de forma que interesse a outras organizações ligadas a cultura SteamPunk.

Estamos, hoje, trabalhando na fundação do primeiro Consulado do Conselho SteamPunk, cuja função vai ser justamente fazer o intercâmbio de informações acerca da produção de cultura SteamPunk nos países nos quais estivermos presentes. O papel de um Consulado será fornecer informações acerca da produção brasileira localmente e repassar para o Brasil informações acerca da produção local. O Consulado funcionará ainda como um meio troca de informações acerca da história do Século XIX no país em que estiver instalado e acerca da história recente do Brasil, o que acreditamos que vai enriquecer crescentemente a qualidade da informação disponível sobre a história do período.

É ainda uma idéia nova e estamos estabelecendo as bases teóricas de como isso vai se dar, mas o primeiro Consulado será fundado na nação cuja tecnologia naval da época foi responsável pelo nosso descobrimento: Portugal.

Tor.com: Onde, na Internet, as pessoas podem encontrar mais informações sobre o Conselho SteamPunk?

É possível encontrar mais sobre a organização em www.steampunk.com.br ou através do email conselho@steampunk.com.br.

Pretendemos em 2012 trabalhar numa versão do site para a língua inglesa e para uma unificação de nossos domínios de internet, de forma que fique mais fácil encontrar tudo o que se deseja.

No momento as nossas iniciativas podem ser encontradas em:

Bruno Accioly
conselho@steampunk.com.br

Co-fundador do Conselho SteamPunk, Bruno Accioly é diretor da dotweb - empresa que faz a infra-estrutura de internet da organização - concebeu a iniciativa aoLimiar.com.br, é fundador da Sociedade Literária Retrofuturista e autor de "Crônicas Póstumas".

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