Praça Carlo del Prete
Em 1928 um certo aeroplano Savola Marchetti SM64 – o Santa Maria – decolava levando a bordo os italianos Arturo Ferrarin e o Capitão Carlo del Prete, dois aviadores pioneiros que percorreram o trajeto sem escalas entre Montecélio (próximo a Roma) e Touros, no Rio Grande do Norte.
Era a época das raids como eram chamadas as perigosas viagens em que audazes pilotos percorriam grandes distâncias sem pousar em lugar algum. Inédito na época, o vôo cobriu 7.188 quilômetros em 49 horas e 19 minutos, tornando-os famosos tanto na Itália quanto no Brasil, rendendo uma posterior visita ao Rio de Janeiro no mesmo Santa Maria que os havia trazido em segurança até o país.
No mesmo ano, poucos meses depois, morreria contudo Carlo del Prete, testando um S62 que caiu na Baía de Guanabara.
A escultura do avião em que ambos fizeram travessia do Atlântico “sobrevoa” a Praça Carlo del Prete, em Laranjeiras, nos dias de hoje, enquanto seu piloto, no solo, fita uma placa que conta sua façanha. A réplica do avião e a estátua do aviador marcam o lugar em que Del Prete recebeu suas homenagens póstumas, onde então se localizava a embaixada italiana.
Apesar dos trajes do piloto esculpido terem uma ligeira afinidade com o gênero SteamPunk não são os andrajos que nos chamaram a atenção. Todos os elementos da obra foram esculpidos por Roberto Sa, inclusive o sustentáculo inusitado que se esconde por detrás da placa parabólica, um monumento em si mesmo e em sua ausência de funcionalidade nas partes móveis absolutamente inemovíveis que o compõe.
Os motivos de Roberto Sa para incluir a peça em sua composição parecem ter tido pouco ou nada a ver com o tema da obra e, sem saber, acabou ele incluindo uma peça com um estilo que, hoje, se confunde com a estética “Metropolis” e com a proposta estética SteamPunk.
Todo o bairro das Laranjeiras é cheio de construções Vitorianas, uma mais bela que a outra, quase todas muito mal tratadas e postas a venda. As que tiveram a sorte de se tornar sede de alguma empresa ou empreendimento governamental acabam sendo preservadas e embelezando o bairro. Seria um belo registro de referência de um estilo arquitetônico tão afim da cultura SteamPunk… mas encontrar elementos SteamPunk inadvertidamente produzidos pode ser uma tarefa bem interessante também.
Mairus
Com efeito.
Aquela peça doida é completamente metrópolis.
Muito bem observado.
Belíssima escultura, minha velha conhecida, dos tempos em que eu freqüentava o outro lado dessa magnífica rua.